Medo

Às vezes não me reconheço. Se fosse há alguns anos atrás, chegaria ao pé dele, olhar-lhe-ia no fundo dos seus olhos e diria simplesmente: "gosto de ti!"
Hoje não sou capaz; as minhas feridas já foram demasiadas vezes reabertas e eu sinto que ainda não estão completamente saradas.
Tenho medo. Tenho medo que elas se abram novamente, que voltem a arder, a sangrar e, desta vez, não sei se seria capaz de suportar tal dor.
Mas tenho medo. Tenho medo que esse medo me torne numa pessoa desconfiada, incapaz de se deixar levar pelos sentimentos, de deixar entrar pessoas na sua vida por pura insegurança.
Às vezes não me reconheço. Vejo toda a minha força e coragem transformadas em receio de falhar, toda a perseverança transformar-se em desistência.
Sim, hoje desisto; escondo-me em mim própria como um ouriço caixeiro, deixando visível apenas uma armadura de espinhos.
Tenho medo. Tenho medo de estar a perder a minha essência aos poucos e que cada vez seja mais difícil recuperá-la.
Mas tenho medo. Tenho medo que esse medo me enlouqueça, me deixe numa limbo permanentemente.

Até que ponto seremos fracos por deixar situações passadas influenciarem as nossas atitudes no presente e nos mudarem? Será realmente uma fraqueza? Se sim, então admito, sou fraca.

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