And suddenly everything was crystal clear...

Quatro anos. Quatro anos a alimentar um sentimento com doses racionadas, apenas para ele não morrer. Deixando-o adormecido, à espera que eventualmente se desvanecesse. Já estava conformada que nada aconteceria. Já nem sequer tentava, apenas queria manter a amizade. Até que tu deste aquele passo em frente, apanhaste-me de surpresa. Disseste exactamente aquilo que eu queria ouvir, sabias perfeitamente o que eu queria ouvir. Eu disse que sim a praticamente tudo, porque já não estava no comando das minhas acções. Todos os calafrios, todas as borboletas no estômago invadiram-me, turvando a minha mente.
"Não eras tu que querias namorar comigo?" - eu disse que sim. Tu sabias que eu diria que sim.
Este teu devaneio repentino durou dois dias. De repente lembraste-te que afinal não querias uma namorada. De repente, por algum motivo que continuo sem conhecer, também já não querias uma amiga.
Primeiro senti-me triste. Magoada. Abandonada. Depois veio a raiva. Senti-me manipulada e usada para entretenimento. Tive de fingir que estava tudo bem, afinal de contas via-te todos os dias, e as outras pessoas não precisam de saber. Deixa-as continuar a achar que és tão imaculado. Tão inocente e ingénuo. No final, veio a indiferença. Ainda não completa, mas ainda assim suficiente para saber que não irei esquecer. Afinal, quem não se sente, não é filho de boa gente. E eu sinto, eu sinto tudo o que me fazem, bem ou mal. Sou rancorosa, devo ter herdado isso da minha mãe. Sou muito rancorosa, mesmo que algum dia te perdoe, nunca irei esquecer.
Gostava de ter uma explicação, gostava de perceber em que momento da vida achaste que era boa ideia espezinhar os sentimentos de alguém como se de uma barata se tratasse. Gostava de saber em que momento dos teus 34 anos achaste que era boa ideia agir como um puto de 17, que nem sequer sabe encarar as suas próprias acções e falar sobre elas. Mas ao mesmo tempo, para falar bem e depressa, já me estou a cagar. É indiferença que tu queres, é indiferença que vais ter. E vou dizer a mim mesma as vezes que forem necessárias, que tu não mereces sequer lamber o chão que eu piso. Porque eu sei que consigo melhor. Posso ter melhor. Mereço melhor.


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