Capítulo 2

Toda a gente, desde professores a funcionários e a alunos, gostavam de Clarice, talvez por ela não ser o tipo de pessoa que se metia na vida dos outros - ela própria não gostava que se metessem na vida dela. Era reservada quanto à sua vida pessoal, gostava mais de ouvir os outros e era extremamente boa a guardar segredos. O mistério que rodeava Clarice era fascinante, despertava a atenção dos mais curiosos, que ficavam sempre no mesmo nível de conhecimento - nenhum, mas houve alguém que sentiu mais do que curiosidade acerca do seu mistério. Bom e a partir daqui, ninguém melhor para descrever os acontecimentos do que a própria Clarice.

    As minhas memórias

O meu colega, professor de Geografia, era realmente um cromo de pessoa, mas no bom sentido. Era muito distraído e despistado, parecia estar sempre nervoso, principalmente, não querendo parecer presunçosa, quando se encontrava perto de mim. Um dia, na sala dos professores, até entornou uma chávena de café para cima do seu caderno assim que eu lhe disse bom dia. Apesar dessa sua maneira de ser algo peculiar, tenho de admitir que ele era bastante atraente, devia ter à volta de 1,80, não mais que isso (pois eu não tinha que olhar para cima com o pescoço demasiadamente inclinado para conseguir falar com ele). Tinha um porte atlético por consequência, como vim a descobrir mais tarde para minha surpresa, do seu gosto pelo exercício físico: corria todas as manhãs antes de vir dar aulas, depois das aulas ia para os treinos de Futesal. O seu cabelo era farto, de um castanho muito brilhante e vivo, os olhos castanhos escuros quase pretos, os seus lábios rosados... oh os seus lábios não eram nem muito grossos, nem finos, foram muito bem esculpidos para ser franca.
 Chamava-se Fernando e era cinco anos mais velho que eu.

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