O que, de facto, aconteceu - Parte 1

[2009 foi um ano atribulado; fui vítima e culpada de algo que me deixou arisca ao sexo oposto, deixei de querer estar perto deles, sentia repulsa cada vez que alguém me queria tocar, não suportava sequer piadas, ainda que inofensivas. Comecei a ter ataques de ansiedade por tudo e por nada, acabei por construir uma barreira, deixei de falar e de aceitar pedidos de amizade, pus de lado números de telefone. Confesso que cheguei mesmo a pensar que o melhor seria tornar-me lésbica, o que não aconteceu pois não podemos lutar contra a nossa natureza, seja ela qual for.

Juntamente com isto vieram os problemas com amigos e, para culminar, já no final deste ano deixei que a minha vida pessoal interferisse com a faculdade; não me conseguia concentrar nas aulas, embora o esforço fosse enorme…]


Outubro 2009

Tinha chegado da faculdade e precisava de estudar para Fisiologia do Exercício, então liguei o portátil e em seguida a internet, com o objectivo de ir buscar os apontamentos à plataforma de eLearning. Não sei precisar as horas, mas deviam perto de seis da tarde quando liguei o Messenger; quando todas as janelas estavam já abertas, abriu-se outra… era um convite do Messenger de um email que eu não conhecia. Fiquei relutante, era de um rapaz, estive com o cursor por cima da opção “Não, obrigado” durante o que me pareceu ser uma eternidade, mas devem ter sido no máximo 4 minutos, No último instante, sem saber porquê, aceitei o pedido e disse para mim: “seja o que Deus quiser, também não posso passar o resto da vida a pensar que toda a gente é igual”.

Fui preparar o jantar e, pensando no que tinha acabado de fazer, só esperava que a sobriedade do email correspondesse à personalidade de quem se encontrava do outro lado, caso contrário iria arrepender-me de ter baixado a guarda e aliviado a barreira que psicologicamente construíra.

Acabei de jantar e voltei para o quarto, tirei o computador do descanso e fui ver o que havia de novo. Uma nova janela de conversação tinha sido aberta, era o rapaz que eu tinha aceitado antes do jantar, dizia simplesmente “hmm oi”. Acabei por não responder pois ele já se encontrava offline.

Quase um mês depois, muito mais perto da frequência, cheguei da faculdade novamente atrapalhada para estudar Fisiologia e, mais uma vez, liguei o portátil. O ritual manteve-se, exceptuando o download de apontamentos. Depois do jantar voltei para a matéria de FE e para o computador, tal como no dia anterior, tinha outra vez uma janela de conversação aberta. Desta vez pude responder, apesar de já terem passado alguns minutos, ele estava online.

(cont.)

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