Outra noite sem dormir

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dele,
E vendo-o sempre de maneiras diferentes do que o encontro a ele.
Faço pensamentos com a recordação do que ele é quando me fala,
E em cada pensamento ele varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nele.
Não sei bem o que quero, mesmo dele, e eu não penso senão nele.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-lo
Quase que prefiro não o encontrar,
Para não ter que o deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nele.
Não peço nada a ninguém, nem a ele, senão pensar.


nota: o original está escrito no feminino e é da autoria de Alberto Caeiro, um dos heterónimos de Fernando Pessoa

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