Prisão Emocional (3º capitulo)


Tinham passado três dias desde o aniversário de Pedro, mas Isabel continuava enterrada numa tristeza sem fim à vista. Sentia saudades de tudo o que passou, pensava várias vezes se voltaria a acontecer, ao mesmo tempo que tentava convencer-se de que isso seria impossível. Continuavam a estar juntos, a rir juntos, fazer compras juntos, afinal de contas eram os melhores amigos um do outro...

- Está tudo bem?

- Sim está.

- Não parece, não me enganes.

- Não me apetece falar sobre esse assunto agora...

- Ah então sempre há alguma coisa.

- Sim, como se eu te conseguisse esconder.

- Ainda bem que sabes que não consegues! Quando quiseres falamos disso.

- Ok; mas por agora vamos continuar o passeio.


Como iria Isabel dizer aquilo? Dizer que tinha saudades dos seus lábios ardentes tocando os seus, aquela sensação maravilhosa que a levava ao paraíso, das suas línguas brincarem uma com a outra, de toda aquela magia ternurenta que a fazia sentir como se estivesse numa montanha russa de sentimentos, num tornado de amizade, paixão, amor, tesão...

- Helloooo! Ouviste o que eu disse?

- Hã? O quê? desculpa!

- Estavas a pensar em quê? Estavas com um ar tão parvo...

- Ah obrigadinha...

- AHAHAH não era para ofender, mas estavas com um ar de lunática como se estivesses a viajar.

- E estava, perdida nos pensamentos, mas não interessa... diz lá o que estavas a dizer.

- Oh agora até eu já me esqueci...

- Pode ser que entretanto te lembres, vamos comprar gomas, preciso de açúcar!

- Agora parecias uma drogada a falar, 'preciso de açúcar no sangue'...


À noite quando Isabel chegou a casa, nem jantou, pois aquela tosta enorme que tinha comido no café e todo aquele pacote de gomas encheu-lhe o estômago de tal maneira que não cabia mais nada; entrou no quarto, despiu as calças de ganga e vestiu as do pijama, tirou a camisa e vestiu a camisola do pijama, pendurou a mala no cabide por trás da porta do quarto, abriu a cama e enfiou-se lá dentro... Como estava quentinho, o dia não tinha sido muito frio, mas as mantas estavam-lhe a saber muito bem, tão bem que nem deu conta de ter adormecido...


Acordou a meio da noite, a transpirar como se tivesse saído de uma floresta em chamas, a tremer, mas não de frio... tinha acontecido outra vez, o mesmo sonho outra vez. Estes sonhos começavam a fazê-la sentir presa, presa a um sentimento que não queria ter... aliás, não podia ter. Ela e Gui não podiam voltar a estar juntos, mas porquê? Porque é que ela continuava a sentir toda aquela atracção desmesurada?

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